Leituras de Fevereiro / February Reads

Just like last month, I read three books in February:

TheWonderful Adventures of Nils by Swedish Selma Lagerlöf (I read the Portuguese version called A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson): this is a classic children's book that I've been wanting to read for a long time. It was fun to use Googlemaps to follow the wild geese and Nils travel across Sweden, as all the sites described in the book are real. In fact, Selma Lagerlöf wrote this book with an educational purpose, but instead of being tedious or preaching, it is a joy to read. And more than a trip in the literal sense, the story is also an inner journey: the growth of a spoiled and lazy boy who learns with his wild companions the value of work and loyalty and how vital they are for the survival of the group – and his own.

 

Tempo de Mudança by Portuguese António Barreto (there is no translation of this book that I know of): this is a non-fiction book by one of our most well-known sociologists. The book is an overview of Portugal's evolution between the pre-revolution times - for those who don't know, we had a peaceful military coup in 1974 that put an end to a long lasting authoritarian regime and produced enormous social, economic and political changes in the country. The book makes an analysis of these changes up to the 1990ies, which is when it was published. It is very interesting, but a pity that it does not cover the last two and a half decades, in which additional changes have taken place. I guess this is one of the drawbacks of having books in our TBR list for too long... If I had read it when I first got it, I would have been more satisfied!

 



Lolita by Russian Vladimir Nabokov (I read the Portuguese version): this is a well known classic, so what can I say after all that has been written about it? In a few words, I think I could call it a perversely brilliant book. While Humbert Humbert is undoubtedly a despicable character, I just couldn't help laughing with his humor, irony and sarcasm. From beginning to end, I kept oscillating between feelings of disgust and amusement. If I sometimes found myself not wanting to read more, because I didn't feel like reading through what I knew was going to happen, I just couldn't help reading, sometimes avidly, because I wasn't able to put the book down. I guess this is what a great book is about. Lolita. Lottelita. Lolitchen...

And this was it. Overall, it was a good reading month!

* * *

Tal como no mês passado, em Fevereiro li três livros:

 

A Viagem Maravilhosa de Nils Holgerssön através da Suécia, da escritora sueca Selma Lagerlöf: é um clássico da literatura infantil que andava há muito para ler. O livro é uma verdadeira viagem através da Suécia, que me deixou vontade de revisitar um país cuja paisagem é, apenas aparentemente, monótona. Uma vez que todos os locais mencionados no livro são reais, diverti-me a seguir a viagem do Nils usando o Googlemaps. Mas mais do que uma viagem no sentido literal do termo, a história é também uma viagem interior, a do crescimento de um rapaz mimado e preguiçoso, que acompanhando a migração dos patos bravos através do país, aprende o valor do trabalho e da lealdade, como garante da sobrevivência do grupo. Com muitas notas sobre a vida selvagem (mesmo sendo os animais personificações), geologia, e alguma história, é um livro, ao mesmo tempo bonito, e informativo, de que gostei muito.

Tempo de Mudança, de António Barreto: trata-se de um relato das transformações sofridas em portugal a nível económico, social e político, desde os tempos pré-revolução, até aos anos noventa, quando o livro foi publicado. É bastante interessante, embora alguns capítulos, com muitos dados estatísticos, sejam um pouco áridos. Fiquei com pena que as duas últimas décadas e meia não sejam abrangidas – desvantagens de deixar os livros demasiado tempo na pilha de livros a ler...

  

 


Lolita, de Vladimir Nabokov: Mmmmmmm... que dizer sobre este livro, depois de tudo o que já foi dito? Em poucas palavras, acho que posso dizer que é um livro perversamente genial. O humor, a ironia e o sarcasmo de Humbert Humbert fazem-nos simpatizar com um personagem que, ao mesmo tempo, condenamos e desprezamos. Desde o início que fiquei a oscilar entre sentimentos de repugnância e divertimento à medida que as páginas se iam sucedendo. Ora dava comigo a não querer ler mais, porque não tinha vontade de ler o que sabia que ia acontecer a seguir, ora dava comigo a ler desenfreadamente, sem o conseguir pousar. Enfim, acho que é isto, um bom livro. Lolita. Lottelita. Lolitchen...

E foi isto. Posso dizer que foi um bom mês de leituras!