Leituras de Junho / June reads

June has been my best reading month of the year so far, not just because I was able to fit in a reasonable amount of reading time but because all the books I have read this month were very good books and I discovered a few new authors that I really liked and will be wanting to read more. So let us take a look at my June reads, one by one:

The Fist of God, Frederick Forsyth: I had loved Forsyth's The Day of the Jackal, the first book I read from this author, and also the first one I read through Bookcrossing. So it is no wonder that I also really liked this one. Even though the theme is very different (The Day of the Jackal is about an attempted murder of General de Gaulle and this one is about the first Gulf War and the liberation of Kuwait), they both share an attention to detail, accuracy of information, suspense and a great ability to mix historical facts with a fiction plot, all with a good dosis of humor. A really well crafted and hard to put down book. I read its nearly 600 pages like a breeze and I am not a particularly fast reader.

Para onde vão os Guarda-chuvas, Afonso CruzThis was my first read by Afonso Cruz and I really liked the way he writes.
This book is full of things that made me think about life and how we live it. In fact, I find it is more a phylosophy book than a fiction one... I could not find an English translation of this book, but you can find information about the author and other books we wrote that have been translated in the European Union Prize for Literature page, as he was a winner in 2012.

Palace Walk, Naguib Mahfouz This was not an easy read at first. Long paragraphs, detailed introspective descriptions of characters, a somewhat wordy language that I think has to do with translation issues and the abundant references to the Coran made the first pages quite painful to go through. In addition, the dual behaviour of the main character (despotic at home, bohemian outside of it) led me to deeply dislike him and feel constantly irritated by the submission of the whole family, especially the women, even taking into account the story takes place in Egypt and in the beginning of the 20th century.  However, as the plot developed, maybe because I got more used to the language and discovered other sides of the characters' personalities, I found myself enjoying the book more and more and went through the last half of it quite fast. I think what I liked the most was the way the author mnages to takes us to that time and place. There were times when I was actually seeing those streets and those people as if this was an illustrated book. 
Submission, Michel Houellebecq: this book is not yet published in English (I read it in the Portuguese translation), but it will be available in September. And I highly recommend it! It was my first read by Houellebecq and the controversy around him led me to pick this book up without particularly high expectations but mainly out of curiosity for the story
(a democratically elected muslim government in a near future France). The writing is very good, this is an intelligent, satirical but also touching book that makes us think about how lonely and isolated people can find themselves in modern societies.

 Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola, Rafael Marques (Portuguese version downloadable for free here): This is not exactly a book, it is more a report, with a very thorough introduction to the diamond extraction business in Angola, followed by a series of accounts of power abuse, corruption and torture cases. I had an idea about what this was about, but it turned out to be even worse, making the passivity of the international community even more sad and disgusting, taking into account the awareness work Rafael Marques has been doing for so many years already.



The Handmaid's Tale, Margaret Atwood:  I believe I would have liked this book even more if I had not read Ishiguro's Never let me go so recently. The environments described in both books are similar (a not so far away scary future) and so is the way the story is told, but the fact that when I picked up the first book I had no idea what it was about, resulted in it having a bigger impact on me. This being said, The Handmaid's tale is an impressive book and Atwood is undoubtedly a magnificent writer.



Clasicos, Niños y Jovenes, Ana Maria Machado (English/Spanish edition): This is a great small book that reassured me about the importance of reading the classics. Needless to say, my TBR and wishlist are now bigger than ever...







*  *  * 


Junho foi talvez o melhor mês de leituras do ano (até agora). Pela primeira vez, posso dizer que gostei bastante ou muito de todos os livros que li e, para além disso, descobri alguns novos autores de quem vou querer ler mais livros no futuro. Vamos lá ver, então, os livros de Junho, um por um:

The Fist of God, Frederick Forsyth: o primeiro livro que li através do Bookcrossing foi deste autor (The Day of the Jackal, um excelente thriller sobre uma tentativa de assassinato do presidente De Gaulle). Este The Fist of God, embora muito diferente, não lhe ficou nada atrás. Também chegou até mim através do Bookcrossing - entusuasmei-me por ele sem saber do que tratava, apenas por ter gostado tanto do primeiro. Quando me dei conta que era um thriller ficcionado acerca da primeira Guerra do Golfo, caiu-me a alma aos pés. Guerra e intriga internacional estão longe dos meus interesses livrescos, por isso o livro foi ganhando pó nas prateleiras e por ali esteve vários anos...

Para onde vão os Guarda-chuvas, Afonso CruzEste é um livro muito bem escrito, cheio de coisas que me fizeram pensar. Uma das que mais gostei foi esta: "Encheremos o mundo de coisas preciosas. Serão tantas que os homens passarão por elas julgando-as banais." Continuei com ele na cabeça muito depois de o ter terminado, mas ainda assim, talvez por causa do final, embora ele faça todo o sentido, ou por faltar alguma coisa na caracterização das personagens que me criasse mais empatia com elas (são todas pouco "reais") não posso dizer que foi um livro de que me encheu as medidas. Posso dizer, isso sim, que Afonso Cruz é um autor que vou revisitar.

Entre os dois palácios, Naguib Mahfouz Este livro não foi uma leitura fácil, sobretudo no início. Os parágrafos longos, com grandes descrições introspectivas dos vários personagens, numa linguagem um tanto rebuscada, que penso ter que ver com a dificuldade de tradução de expressões típicas, ou mesmo intraduzíveis e as constantes referências ao Corão tornaram as primeiras páginas bastante penosas. O carácter despótico (em casa) e boémio (na rua) do personagem principal, que me fez desenvolver por ele uma grande antipatia e a irritante submissão de toda a família, e muito especialmente das mulheres, também não ajudaram nada, mesmo tendo em conta que a história se passa no início do século, no Egipto. Mas à medida que a história se foi desenrolando, talvez porque me fui habituando à linguagem e descobrindo outras facetas dos personagens, fui gostando cada vez mais do livro e acabei por ler a segunda metade num ai. Aquilo que mais gostei, acho, foi a forma como o escritor nos consegue transportar para aquele tempo e aquele lugar. Houve alturas em que estava a ler e a conseguir imaginar aquelas ruas e aquelas pessoas como se o livro tivesse imagens.

 Submissão, Michel Houellebecq: Este foi o primeiro livro que li de Houellebecq. O tema interessava-me (a França democraticamente conquistada por um partido muçulmano) mas não tinha expectativas demasiadamente grandes, depois de ter lido comentários de bookcrossers a outros livros dele, e artigos de jornal que enfatizavam o lado polémico do autor.
Este Submissão acabou por ser uma gradável surpresa. A escrita simples (sem ser simplista), directa, por vezes bastante crua, a ironia e a crítica política, social e religiosa muito directas, foram tudo coisas que me agradaram bastante. Gostei da utilização de personalidades reais da política e jornalismo franceses actuais (Marine le Pen, François Hollande, David Pujadas, entre muitos outros) para compor o cenário inicial perturbadoramente plausível: uma assustadora ascenção da extrema direita, a perda progressiva de peso do centro-esquerda e centro-direita e a ascenção de um partido muçulmano moderado, que acaba por subir ao poder, principalmente pela mão da esquerda, como forma de evitar a vitória da extrema direita... Esta primeira parte do livro é muito boa, mas a parte final acabou por me desapontar, pareceu-me que a história se desenrolou de forma apressada e menos consistente, em especial por praticamente ignorar a mais do que previsível reacção das mulheres à crescente islamização e da sociedade em geral à poligamia e casamento de raparigas menores de idade. Julgo que o machismo do autor (que é bem patente na forma como retrata as mulheres neste livro) seja em parte responsável por este precipitar dos acontecimentos, e é uma pena, porque toda a estrutura inicial do livro é bem interessante e dá muito que pensar. Por vezes foi difícil não me sentir irritada com este machismo, mas fico contente por ter conseguido colocar isto de lado e não deixar que me tirasse o prazer de apreciar o livro. Afinal, tenho a certeza que há muitos homens (e algumas mulheres) a pensar assim, e é sempre curioso perceber como pensam. No todo, foi uma leitura muito agradável, para além da boa escrita e do sarcasmo e provocação, gostei das referências literárias e filosóficas (terminei o livro com vontade de ler Huysmans e Nietzsche), que aparecem de forma tão natural, e sem qualquer pedantismo, totalmente a propósito do enredo.


Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola, Rafael Marques: Não se trata propriamente de um livro, mas sim de um relatório, com uma introdução à exploração diamantífera em Angola bastante completa, seguida de uma série de relatos de casos de abuso de poder, corrupção e tortura. Aquilo que já imaginávamos, só que muito pior, tornando a passividade da comunidade internacional ainda mais triste e revoltante, tanto mais que Rafael Marques tem vindo a denunciar estes casos há já muitos anos.

A história de uma serva, Margaret Atwood Li este livro na versão em inglês e talvez se não tivesse lido o Never Let Me Go (Nunca me deixes), de Kazuo Ishiguro há tão pouco tempo, e não tivesse ficado tão impressionada, tivesse gostado mais deste livro, porque é, sem dúvida, bastante bom. Está, sobretudo, muito bem escrito, talvez ainda mais que o de Ishiguro. Mas a semelhança das histórias, ambas passadas num futuro relativamente próximo em que o valor do ser humano como indivíduo se submete a um interesse maior, o da comunidade, e o facto de a história de Ishiguro ser mais plausível, acabaram por tornar a leitura mais interessante. Uma coisa é certa, no entanto: Atwood é uma Grande escritora e O Assassino Cego, o primeiro livro dela que me despertou a atenção mas nunca cheguei a ler, vai continuar na minha wishlist. 

Como e porquê ler os clássicos universais desde cedo, Ana Maria MachadoMuito bom. Gostei da lista de livros mencionados e das informações fornecidas acerca de cada um, que me ajudaram a adicionar ainda mais alguns clássicos aos já existentes nas minhas listas TBR e wishlist... E gostei muito também de todos os apartes e comentários mais gerais, como por exemplo este: "Não há uma ética da leitura. (...) Não é preciso transformar a leitura num ato utilitário ou numa ferramenta de ativismo. Leitores que melhorem a si mesmos já estarão melhorando o país e o mundo. Não precisam cair no fundamentalismo de sair por aí querendo converter os outros a suas leituras ou suas opiniões. Ler bem é ficar mais tolerante e mais humilde, aceitar a diversidade, dispor-se a tolerar a diferença e a divergência. Não o contrário."

Comments

  1. i'm so glad to be here and read this amazing blog thanks for sharing.
    http://phen375loss.co.uk/

    ReplyDelete
  2. very good content this site is so amazing.

    ReplyDelete

Post a Comment

Popular posts from this blog

Dia Internacional da Mulher / International Women's Day

Bedtime stories - to read or not to read them to your children / Histórias antes de deitar - sim ou não?